Estávamos em 1985 no último mês desse ano e a minha tenra vida tinha acabado de dar uma volta de 180º. Tudo tinha mudado e não tinha sido para melhor. O meu pai tinha acabado de partir, eu tinha feito doze anos e o Natal tinha-nos deixado há umas horas...
Pensei que nada mais poderia correr mal. Nada seria como dantes. O meu dançarino favorito tinha levado os seus pés, onde eu colocava os meus para dançar, para nunca mais voltar...
Restavam-me a minha mãe, o meu irmão, os meus avós, os meus tios e a minha prima. A minha quase irmã, os meus quase pais.... Estava enganada!
Umas horas depois do Natal ter terminado, também fiquei sem eles. Foram-se embora! Tinham de emigrar! Tinham de procurar uma vida melhor! Tiveram de me deixar!
Vinham, e vêm, praticamente todos os anos passar férias connosco, mas não era a mesma coisa!
A minha família, em questão de dias, tinha ficado mais pequena! E eu tinha ficado mais pobre! Nem emigrar me faria mais rica naquela altura.
"Depois de trinta anos porque é que falas disso agora?" É uma pergunta legítima a que fazem, mas hoje era dia de pôr no papel um pouco da história desta vossa Marquesa e prestar homenagem a três pessoas tão importantes na minha vida!
Já vos contei histórias da fantástica mulher que me deu vida a quem para além de Mãe, chamo Amiga; histórias da mulher que a ajudou a criar-me que para além de Avó foi a mulher que me ensinou o sentido da vida com as maiores doidices e hoje é dia de vos contar a histórias dos meus "americanos" favoritos.
Imaginem o meu tio, para quem não o conhece, claro!, com uma barriga avantajada mas de todo gordo, com as unhas sempre encardidas, devido à sua arte de trabalhar em carros, com um cabelo meio acinzentado, algo que tem desde os seus dezasseis anos e com o sorriso e abraço mais quente do mundo! Este é o meu Tio Mino. Aquele que correu "Seca e Meca" comigo e com a minha família durante a férias! Aquele que me sentou num cavalo a primeira vez! Aquele de quem me orgulho de ser a sua sobrinha!
Agora observem com atenção aquela senhora pequena, de olhos esguios, com as unhas mais bonitas que alguma vez vi e com as mãos mais perfeitas para trabalhos de agulha! Conseguem vê-la lá ao fundo? Conseguem ver aquele sorriso largo e rasgado quando a sobrinha diz um disparate ou uma asneira cabeluda, coisa que ela não admite a muita gente? Conseguem? Essa é a minha tia Tilde. Aquela que faz tortas de laranja como ninguém e que adora os meus beijos no pescoço!
Só falta mesmo a minha"irmã". Aquela de quem sinto tanta falta, aquela de quem cada vez que falamos ao telefone estamos horas infinitas sem nos preocuparmos com os euros que gastamos.
Querem conhecê-la? É pequena como a mãe, magra (estúpida) como só ela e deliciosamente "mãe galinha" como uma "mãe galinha" pode ser! Tem três filhos! Todos homens. Todos enormes e todos adoráveis! E eu tenho orgulho da forma como os criou, como os educou e como os transformou em verdadeiros homens de futuro!
Este são os meus "americanos" que tanto amo e tanto adoro!
Hoje é dia de lhes prestar homenagem. Hoje é dia de vos contar a sua história!
Já agora: deliciem-se...
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Querida Marquesinha acabou de me saltar as mais felizes lagrimas ( já ouve outras ) dos meus olhos .Lindas palavras e lembranças .Continua a ser FELIZ á tua maneira fico por aqui beijos e um Xicoração como só nos sabemos dar quando nos encontra-mos todos