Chovia lá fora.
Não parava.
Ela acordou estremunhada e com vontade de voltar a adormecer. "Não posso…" disse. "Tenho de o ir levar à escola". Se não fosse isso seria mais um dia em que não saberia o que fazer.
Ainda nem um mês tinha passado e já começava a sentir-se inútil. Tinha sido desde há muito um desejo: ficar em casa sem fazer nada. Mas não era a mesma coisa. Tinha sempre o trabalho de retaguarda. Agora não tinha nada. Por assim dizer tinha, levava o filho todos os dias à escola, bebia café com algumas das outras mães e com antigos colegas de trabalho. Mas tirando isso não havia mais nada.
Quando tudo aconteceu sentiu -se cheia de entusiasmo. Já esperava aquele dia havia algum tempo, mas no fundo nunca pensou que chegasse. O entusiasmo foi esmorecendo e dando lugar, em alguns dos dias ao total desespero.
Gostava de cozinhar. Era o seu maior feito ultimamente. Inventar receitas todos os dias e passá-las a alguns dos seus amigos que também gostavam de comida. Sempre quisera fazer um curso de culinária, mas nunca tinha tido coragem. "Pode ser que seja agora" pensou.
Acabada de fazer 40 anos e com tantos planos para esta data tão promissora tudo se tinha desvanecido com a chegada dos mesmos. Fazer uma tatuagem, deixar de fumar e fazer uma festa de arromba. Até àquele dia não tinha feito nada. Começava a pensar que tinha perdido a coragem de viver. A coragem para ser diferente. Para se sentir realizada.
Finalmente levantou-se. Vestiu-se e saiu para levar o filho à escola…
Este é o sentimento que muitos de nós temos depois de sofrermos uma “derrota”. Embora não tendo sido provocada por nós, mas como está na ordem do dia, devido à crise, o sentimento está muito à flor da pele. Reprimi-lo como dizia há pouco, por vezes torna-se difícil. Não conseguimos dar a volta à situação. Amigos, colegas e família dizem: “deita para trás das costas”, “já passou”, “muda a página”. É sempre tão mais fácil falar. Achamos sempre que não percebem…, não estão a passar pelo mesmo…, como podem perceber tal sentimento... Mesmo quando falamos com alguém que passou pelo mesmo, o nosso sentimento é sempre diferente, não nos conseguimos sentir como iguais. Temos de arranjar algo que nos conforte, que nos dê alegria, que nos faça sentir orgulhosos.
Eu encontrei! No local menos provável, tendo em conta a minha história profissional e mesmo na minha vida pessoal: na COZINHA. Sempre se disse, às vezes em tom jocoso, outras até muito a sério, que o lugar da mulher é na cozinha. O meu aparentemente tem sido.
Quando fui “obrigada” a cozinhar todos os dias não foi nada fácil. Cozinhava para um regimento de sapadores de bombeiros. Os restos duravam praticamente para uma semana. A comida não tinha paixão, era sensaborona… era tudo aquilo que a comida não deve ser.
Ouvia a minha mãe a questionar-me diariamente, “o que vais fazer para o jantar”, “não sei” respondia, “logo penso nisso”. E era o que acontecia. Pensava, inventava, mas não era aquilo que me agradava mais. Não conseguia comer o que fazia. Mais uma vez não havia paixão nem dedicação.
Com o passar dos anos, apaixonei-me perdidamente pela comida. Pelas cores, pelos cheiros, pelas texturas, mas acima de tudo, pelos novos sabores que fui introduzindo nos tachos e nas panelas.
Desde que comecei a cozinhar, para além do meu marido, que tem uma opinião pouco isenta, pois segundo ele “tudo o que fazes é bom”, tive sempre um bom barómetro: o meu irmão. Adora comer e comida mais do que eu. Baba por uma boa refeição. Nunca consigo fazer nada que não tenha da parte dele, uma crítica. Positiva ou negativa, mas sempre uma crítica construtiva. A primeira vez que fiz uma refeição, onde a baba lhe escorria pelos cantos da boca foi o meu famoso Piano com jeropiga e arroz de feijão manteiga. Nunca o tinha visto assim. Nesse dia não houve restos. “Mana, estás a melhorar”. Fiquei orgulhosa pela primeira vez! Tinha de continuar.
E foi assim que começou. Os programas de culinária têm sido uma constante aqui em casa. Não que a família goste muito, pois para eles são uma seca. Mas para mim relaxam-me, descontraem-me, deixam-me feliz. Há sempre um sorriso que aprece nos meus lábios, há sempre uma gargalhada. Lembram-se daquela cara que os chefs fazem quando acabam as suas receitas e dizem que está soberbo, maravilhoso, sempre achei que a comida não estava grande coisa e que a cara que faziam tinha de ser boa para transmitir uma sensação agradável. Mas não! Eles têm razão. Quando se coloca amor, paixão e gosto tudo sai com aquele sorriso e com aquela vontade de experimentar, provar e comer até fartar.
“Abre um restaurante” diziam-me. Não, não é isso que eu quero. Quero experimentar e descobrir. Quero dar ao mundo tristonho de hoje um sorriso com uma experiência nova, um cheiro novo, uma textura diferente. Quero ajudar a quem não sabe ou não gosta de cozinhar uma vida nova povoada de experimentações, de novidades.
A nossa vida atribulada com a escola dos miúdos, o nosso trabalho e nossa família, precisa de conforto e esse, eu consegui-o através da comida. Cozinhar é fácil, é divertido e relaxante. A sério, não estou a brincar. Sabem aquele cheirinho que vocês sentiam quando chegavam de algum lado e a vossa mãe estava a fazer o jantar? É esse conforto. Depois de um dia de trabalho, com chuva, gente chata, chegar a casa e poder confortar alguém, é o melhor sentimento do mundo. Num jantar ou almoço com amigos ver os seus olhos felizes e deliciados é o melhor sentimento que podemos almejar.
E se começássemos ao que nos trouxe aqui hoje. O que é que vos apetece? Entrada, prato principal e sobremesa? Porque não vamos ver ao onde é que isto nos leva hoje…
Não se assustem.
Vai ser fácil. Qualquer dia começam vocês a inventar, a ter ideias para os vossos almoços de família e jantares de amigos. É para isso que cá estou: para vos ajudar a entrar no meu mundo. Boa sorte! Get ready… Let’s start…
Entrada
Portobello com ricotta e vegetais
6 Cogumelos Portobello grandes
1 Pacote de Ricota
2 Pimentos laranjas pequenos (tipo biológicos)
6 Tomates Cherry
3 Folhas de manjericão
3 Folhas de salva
Sal e pimenta
Lavar e retirar os pés dos cogumelos, caso os tenham. Reservar.
Picar os pimentos de forma miudinha e reservar.
Cortar em quatro os tomates Cherry e reservar.
Numa tigela colocar o queijo ricota e misturar o pimento e o tomate.
De seguida, picar as folhas de salva e manjericão e juntar ao preparado anterior.
Coloque sal e pimenta a gosto.
Num tabuleiro coloque no fundo azeite, não precisa de muito e coloque os cogumelos. Rechear os cogumelos tentando que todos os ingredientes incluídos na pasta elaborada fiquem nos mesmos.
No final, colocar azeite ou a margarina liquida em fio por cima dos Portobello e levar ao forno previamente aquecido a 180⁰ durante 45 minutos.
Sugestão:
Sirva com vinho branco gelado, gosto fresco dos cogumelos e da ricota degustar-se-á melhor com este tipo de vinho.
Para começar vão ver que não é difícil!
Não é uma receita de verão nem uma de inverno. É uma receita que pode ser feita em qualquer altura do ano. Quando a fiz foi no natal! Como podem ver tudo se faz em qualquer altura do ano. Porque é que vos digo isto? Porque tenho duas amigas que deram a sugestão de fazer receitas de verão e de inverno, qual é a entrada que fica melhor com este prato e com aquela sobremesa. Tudo depende do vosso estado de espírito.
Imaginem um dia de inverno mas com um sol radioso! Conseguem vê-lo, saboreá-lo? Agora imaginem servir esta entrada acompanhada com o tal vinho branco gelado…! É bom não é? Estão a começar a entrar no espirito.
Vamos ao prato principal… não se preocupem não dói e não mete medo.
Prato Principal
Spaghetti primavera com bacon e fiambre
1 Pacote de esparguete
1 Alho francês
2 Pimentos bebés (1 vermelho e 1 amarelo)
4 Cenouras bebés
1 Alho
1 Embalagem de cogumelos frescos
1 Embalagem de bacon aos cubos
1 Embalagem de fiambre para pizza (ou seja cortado às ripas finas)
10 ml de whisky
Azeite q.b.
Sal e pimenta q.b.
Concentre-se, encha o peito de ar, deite fora e vamos começar...
Coloque ao lume um tacho com água abundante e sal para cozer o esparguete.
Entretanto, corte os vegetais, isto é, lamine os cogumelos, pique bastante fino os pimentos, corte às rodelas finas o alho francês, corte igualmente às rodelas as cenouras e pique o alho.
Numa frigideira bem quente, coloque um pouco de azeite e deixe alourar o alho. De seguida, junte os pimentos, o alho francês e as cenouras e deixe estrugir, isto é, alourar, mas era só para não repetir a mesma palavra.
Quando estiver tudo com uma cor alourada junte os cogumelos tempere com sal e pimenta e deixe que a água dos mesmos evapore. Para isso não se esqueça de aumentar a temperatura do lume. Quando a água evaporar, deite o whisky e deixe que este perca o álcool sem deixar que o molho do mesmo desapareça.
Ao ficar pronto, retire do lume e deixe repousar.
Numa outra frigideira, coloque um pouco de azeite, mas deve ser pouco mesmo pois o bacon já tem gordura suficiente, deixe alourar o bacon e o fiambre e retire do lume. Deixe repousar.
Está quase a acabar, não desespere. Volte a encher o peito de ar, expire e vamos lá outra vez...
No tacho onde tem a água, agora já a ferver, para o esparguete. Deite o mesmo e deixe cozinhar, entre 7 a 8 minutos, para o chamado al dente. Quando acabar retire a água, coloque os vegetais e a "carne" (se lhe quiser chamar assim, senão diga o bacon e o fiambre) misture muito bem e regue com um pouco de azeite se fizer falta.
Sugestão:
O vinho hoje pode ser o que mais lhe apetecer o branco fica bem, o tinto, segundo alguns fica melhor, inclusive uma sangria de champanhe com frutos silvestres, fica bem com toda a certeza.
Acima de tudo delicie-se!
O que vos pareceu? Difícil? Nem por isso, pois não? Agora só precisa mesmo da sobremesa. Neste campo tenho de vos confessar que nem sempre acerto no ponto. Nos vastos programas de culinária a que assisto sempre os ouvi dizer que as receitas das sobremesas devem ser seguidas à regra. Pois, pois… isso tem muito que se lhe diga. Bom mas esta que vos deixo é simples e acima de tudo deliciosa. É inspirada numa receita das revistas da Bimby, mas para quem não tem esta máquina (um dia falo-vos dela e da ajuda que nos dá), não se preocupe não é para usá-la. Lembrem-se é uma inspiração.
Sobremesa
Crocantes com framboesas
1 embalagem de cereais Kellogg's
6 iogurtes naturais açucarados (de preferência os iogurtes gregos naturais açucarados)
2 embalagens de framboesas
12 folhas de hortelã para enfeitar
Agora vamos começar… Podem fazê-la numa taça grande ou para ficar mais glamorosa façam-na em taças de vidro individuais.
Numa tigela coloque os seis iogurtes e misture. Reserve.
No fundo de cada taça coloque o punhado de cereais. De seguida coloque duas colheres de sopa de iogurtes nas taças e verifique se precisa de mais colheres ou se é o suficiente. No final coloque por cima três framboesas e duas folhas de hortelã.
O que acham? Não é difícil, pois não?
A sério experimentem e acima e tudo delicem-se...
O que acham? Não é difícil, pois não?
A sério experimentem e acima e tudo delicem-se...
Marquesa só hoje aqui cheguei e com sol pois só agora de tarde apareceu para nos alegrar e a si principalmente . Com a comida estou encantada muito boa ideia e com o doce vou fazer quando os meus Belos Netos cá vierem almoçar
ou jantar com os seus Queridos Pais. pode continuar que vai muito bem. a sua anónima frequente