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Letras com Aromas

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Letras com Aromas

Guilty pleasures...!

08:59 | Publish by Unknown

Hoje falei com uma amiga alentejana e falei-lhe destes textos que vos escrevo. Teve uma reacção muito engraçada. Segundo ela ando encegueirada. “Ando o quê, princesa?” perguntei eu espantada. ENCEGUEIRADA! Em vernáculo alentejano significa motivada, cheia de vontade. Adorei a expressão. E tem toda a razão. Estou mesmo cheia de motivação, cheia de vontade de estar sempre a teclar para vos contar novidades. Como diz o meu marido é a minha catarse. É como ir a um psiquiatra, mas com a vantagem que não se gasta dinheiro e não enchemos o organismo com químicos.
Ontem fiz gazeta à comida. Não apeteceu cozinhar. Também não pode ser todos os dias. Às vezes precisamos de pausas para descansar. Jantei, não pensem que fiquei sem comer. Não isso não pode acontecer com uma “miúda” que gosta de comer. Não se assustem quando vos disser o que foi o meu jantar: McDonald’s!
“Oh, mas isso não é comida de jeito” dirão vocês. Têm razão. Têm toda a razão, mas poder cometer os nossos guilty pleasures de vez em quando também sabe bem e conforta. Os hamburgers, sejam eles de que sitio forem costumam lembrar-nos, pelo menos a mim é o que acontece, a nossa juventude. Só comíamos isto em festas de aniversários ou quando já eramos mais crescidos e não estávamos com os nossos pais.
Como sempre apreciei muito este tipo de comida, um dia decidi fazê-los em casa. Nem muito grandes nem muito pequenos. Maneirinhos o suficiente para podermos dizer que são quase gourmet. São tão famosos cá em casa que decidi partilhar com a família e com os amigos. Foram aprovados! “Queremos a receita”. Acabei por não partilhá-la. Naquela altura era egoísta no que tocava às minhas receitas, às minhas experiências culinárias. Não me apetecia. Hoje tudo é diferente. Gosto de partilhar e é o que vou fazer convosco.
É uma receita fácil (como quase todas tenho partilhado). É barata, praticamente 6 euros na totalidade da elaboração. Hum! Não vos parece? Então apreciem.

Mini hamburgers à minha moda
Ingredientes
500 gr. de carne de vaca picada
500 gr. de carne de porco picada
½ chouriço picado
2 alhos picados
Coentros picados
1 colher de sopa de molho inglês
Pimenta q.b.
Na sua bancada estenda uma folha de papel vegetal, para que não fique tudo sujo e as consiga pousar num local em que a carne não agarre.
Coloque as carnes numa taça. Agora misture o punhado de coentros (até pode ser de salsa caso não gostem de coentros, mas sinceramente a carne vai saber melhor com os coentros), os alhos bem picados, o molho inglês e a pimenta.
Quando tiver tudo homogéneo comece a fazer pequenas bolas. Do tamanho de bolas de golf. Enquanto moldas as pequenas bolas no final espalme-as nas suas mãos, dando-lhes o formato de hamburgers. Deve fazer uma “fornada” de 12. E estão prontos!
Agora confeccione-os da forma que mais aprecia. Ou grelhados ou fritos. Digo-vos que fritos ficam soberbos.
Se quiserem fritar usem aquela margarina nova da Vaqueiro, a de alho.
Coloquem um pouco de azeite na frigideira, a margarina e vá fritando.
Como acompanhamento, pode fazer o que quiser. Por exemplo, se for fazê-los para uma festa de miúdos, compre os mini pães para hamburgers. Para uma festa de crescidos, acompanhe com puré de maçã, uma salada de rúcula e tomate cherry e para finalizar uma batatas fritas com orégãos.
Não me digam?! Abri-vos o apetite…! Era essa a intenção. É por isso que aqui estou.Ah! Já sei não vos deixei as receitas do puré de maçã nem das batatas fritas com orégãos… querem tudo de uma vez, é? Está bem. Eu partilho.

Puré de maçã
Ingredientes
6 maçãs reinetas
2 colheres de água
1 pau de canela

Descasque as maçãs, retire os caroços e parta-as aos bocados. Não se preocupe se começarem a ficar castanhas porque é dessa cor que vão ficar depois de cozidas.
Num tacho, coloque as maçãs juntamente com o pau de canela e a água. Leve ao lume no mínimo e deixe cozer. O tempo de cozedura varia com o tamanho da fruta. No entanto, vá verificando com a colher de pau se estão a desfazer. Se estiverem é porque estão prontas.
Pegue na varinha mágica e desfaça o restante.
Está pronto a servir, se o quiser quente. Se quiser frio deixe arrefecer à temperatura ambiente.

Está a começar a divertir-se? Também eu! Agora vamos às batatas fritas. Não é que vá dar muito trabalho, mas por favor: NÃO USE BATATAS CONGELADAS. Desculpem! Não queria gritar, mas para esta receita não uso atalhos. Um dia mostro-vos todos os atalhos que uso nas minhas refeições. Mas hoje não é esse dia.

Batatas fritas com orégãos
Ingredientes
5 batatas grandes próprias para fritar
Óleo q.b. para fritar
Orégãos secos q.b.
Sal q.b.

Coloque a fritadeira ao lume e encha-a com óleo até meio. Cuidado que o lume não pode estar muito alto, pois se assim for, quando colocarem as batatas o óleo vai saltar e queimar-vos.
Comece por descascar as batatas e parti-las em palitos (não se preocupe se não ficarem perfeitos, porque a comida não se quer apresentavelmente perfeita, quer-se saborosa e rica em texturas). Junte no óleo, com cuidado, uma mão cheia de batatas e deixe fritar. Assim que estiverem loirinhas, retire-as para uma travessa forrada com papel de cozinha para retirar o excesso de óleo, tempere com sal e com os orégãos. Vão repetindo o processo até acabar as batatas e sirva-as quentinhas e estaladiças.

Hoje divirtam-se a cozinhar para a família ou para os amigos, mas acima de tudo:deliciem-se!

Etiquetas: Prato principal 2 comentários

Branco ou tinto? Muito....

12:30 | Publish by Unknown

Algumas amigas pediram-me para descrever o quanto investimos em cada uma destas receitas. E digo investir, porque vejo a comida como um ganho, um investimento e não como um gasto. Assim, hoje vou tentar colocar no papel o valor aproximado para cada receita.
Para mim vai ser um pouco difícil, porque o dinheiro para mim tem pouco valor.
Não me entendam mal. Prefiro pagar uma quantia avultada por uma refeição que me tenha sabido pelo mundo, que pagar pouco e não sentir nada enquanto como. Também me podem dizer que em vários sítios do nosso maravilhoso país, podemos pagar pouco e comer muito, muito bem. É verdade! Muitas vezes não é porque pagamos mais, que comemos melhor. Tentava só explicar-vos o valor do dinheiro na minha humilde opinião.
Na primeira vez que vos escrevi, descrevi-vos uma refeição completa que se me pedissem 25 euros por pessoa não acharia caro. Mesmo tendo em conta o uso de vinho durante a entrada e o prato principal. Como sabem o vinho pode encarecer uma refeição. Mas depende que tipo de vinho preferem e onde o consomem. Ou seja, se o comprarem num hipermercado ou se o consumirem num restaurante. Já perceberam o que quero dizer, não já?
Tenho uma grande amiga, que para ela o vinho tinto acompanha com tudo. Não digo que seja a qualquer hora dia, mas se estivermos num evento, ao invés de beber um copo de Martini, uma flute de champanhe, até mesmo um sumo, pede sempre um copo de vinho tinto. Como ela costuma dizer: o treino que leva, já lhe dá tempo para se conseguir manter acordada e sóbria durante mais tempo do que qualquer uma das restantes do grupo. Não consigo competir com ela. Tento, mas não consigo. “Não vais aos treinos” diz ela a rir.
Como gosta muito de vinhos da região do Alentejo. A refeição em causa não ficaria muito mais cara que os 25 euros. Mas na minha opinião o vinho é sempre uma escolha muito pessoal. Eu, pessoalmente prefiro o vinho alentejano, embora alguns da região do Dão também sejam muito agradáveis e em conta. O branco acompanha muito bem entradas, peixe leves, isto é, com pouca gordura, saladas e quiches.
Dizem os entendidos e quem o aprecia bastante que um vinho branco deve ser servido bastante fresco, para que dele se retire toda a harmonia que se pode. No entanto, e se calhar vou estar a dizer uma coisa muito errada, mas um dia peguei numa garrafa de vinho “Quinta do Cardo” branco que não estava gelado, muito menos fresco, estava à temperatura ambiente e provei-o… E querem saber um segredo? Soube-me pelo mundo. Não sei se foi a sensação de o experimentar quase às escondidas ou se foi o sabor natural que provinha do vinho. Mas estava fantástico. Uma delícia.
Quando leio os rótulos dos vinhos geral fico com uma sensação desconfortável… O que é isso de “com notas de uvas brancas”, “com laivos de chocolate”? Acho que não tenho o paladar apurado para apreciar certas notas e laivos no vinho. Como costumo dizer “talvez um dia…”!
Já agora… Não se esqueçam: deliciem-se…

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Sentimentos velados...

10:13 | Publish by Unknown

Quem me conhece sabe que não gosto de me gabar e receber elogios também não é o meu forte, mas com a comida aprecio-os imenso. Sabe bem encher a barriga de alguém que no fim, com um sorriso, nos mostra o quanto gostou. Estes obrigados velados, quase em segredo, tornam-nos vaidosos e orgulhosos. Com um sentimento de conquista alcançado e conseguido.
A grande maioria das vezes, para quem não gosta ou não sabe cozinhar, este sentimento não brota facilmente, mas ao darem um pouco de si mesmos enquanto preparam uma qualquer receita, o sorriso vai aparecendo. Primeiro de soslaio e com o passar do tempo, com o ganhar de confiança ele já aparece facilmente.
Mas sabem o que me dá mais gozo? É quando o meu filho, que é o verdadeiro esquisito no que toca a comida, me diz “mãe, está delicioso”! A alegria que ele me dá ao dizer estas três palavras é imensa. Difícil de entender? Não. Eu conto-vos… O meu filho se pudesse passar toda a sua vida a pacotes de leite com chocolate e bolachas era o miúdo mais feliz do mundo. Sempre foi assim. Comer para ele era e às vezes ainda é difícil. Quando era bebé e iniciou as sopas demorava quase uma hora para as comer. Decidimos introduzir a fruta ao mesmo tempo para ver se melhorava. Uma colher de sopa, uma colher de fruta… acreditem ainda hoje, junta a fruta ao jantar e ao almoço para se conseguir despachar. Dir-me-ão vocês “mas comer é uma tarefa para ser feita com calma e devagar”! Têm razão. Mas duas horas para jantar? Tinha de o estimular com a comida.
Nunca fui muito de regras. Nunca fui muito de seguir aquilo que todos fazem. Por isso, as sopas do meu filho até aipo levavam. Deve ter sido isso que ajudou a que agora, com estas invenções, ele tenha uma maior disposição para comidas inventadas e não tanto as comidas tradicionais. Não que as receitas que invento fujam muito do tradicional, mas as experiências que faço com as ervas aromáticas têm sido um verdadeiro sucesso.
Hoje em dia ando completamente viciada com o funcho e com a salva. Porquê? É fácil. Dão um gosto muito diferente à carne, ao peixe, às batatas e restantes vegetais.
Um dia vi uma receita de um chef, pelo qual tenho uma admiração enorme, de batatas assadas com salva. Que delicia! Tive de a fazer assim que pude. A dele era demorada, levava banha de porco e regada de azeite, mas eu dei-lhe cor. Dei-lhe o meu toque e menos calorias! (Já agora lembrem-se de uma coisa. Façam as receitas que melhor se adaptam às vossas dietas. Não as de emagrecer, mas ao vosso estilo de vida. Para quem trabalhou durante quinze anos na saúde, não vos quero trazer aqui nada que vos prejudique).
Batatas assadas com salva
Ingredientes
500 gr. de batas pequenas (o pingo doce vende já embaladas no local dos vegetais frescos)
10 folhas de salva
10 ml. azeite
Margarina liquida q.b.
Sal e pimenta q.b.
Passe as batatas por água e coloque-as num pirex, onde já está o azeite. Tempere-as com sal e pimenta e junte-lhes as folhas de salva. Regue com uns fios da margarina liquida e leve-as ao forno previamente aquecido a 180º. Deixe cozinhar durante 30 minutos. Não esquecendo, de vez em quando de as sacudir ou virá-las.
No final deste tempo, levante a temperatura do forno para 200º e deixe as batatas ganhar cor.
Retire-as e sirva de acompanhamento ao que mais lhe apetecer.

Como podem ver são saudáveis e são um excelente acompanhamento a peixe ou a carne. Já percebi! A sua imaginação está a começar a borbulhar… já começou a perceber as possibilidades que aqui tem. Agarre-se a elas e não desespere.
Faça desta nova motivação o seu estilo de vida. Para tudo o que fizer a partir de hoje. E lembre-se “o que não nos mata, dá-nos força”. A nova atitude que vai sentir a partir de hoje vai-lhe dar força para enfrentar o mundo, para enfrentar as agruras da vida, as desilusões por que passamos diariamente. O tempo cura e a comida, acima de tudo: ajuda.
Não lhe chame frases feitas. São sentimentos sentidos por quem passou pelo mesmo que nós. E que superaram. Venceram. Vivam a vida: “um dia de cada vez. Hoje estamos cá, amanhã quem sabe. Por isso aproveitem cada dia como se fosse o vosso último e acima de tudo: deliciem-se.

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A minha jeropiga

12:13 | Publish by Unknown

Há pouco falei-vos do meu famoso piano com jeropiga e arroz de feijão manteiga, que por sinal é delicioso. Quando o fiz pela primeira vez estava inspirada e com vontade de fazer algo que a minha avó também fazia: arroz caldoso com feijão. Garanto-vos que o nervoso miudinho se apoderou de mim e a coisa não ia correndo bem. O arroz não ficou como o da minha avó, mas saiu-se muito bem. Querem experimentar?
Então cá vai…

Piano com jeropiga e arroz de feijão manteiga
Ingredientes para o Piano
6 tiras de piano
4 alhos
50 ml de azeite
2 colheres de sopa de pimentão-doce
20 ml de jeropiga
Sal q.b.
Pimenta q.b.
Comece por passar as tiras de piano por água e reserve. Num almofariz junto os alhos, a pimenta, o sal, o azeite e o pimentão-doce. Moa muito bem até obter uma massa homogénea. (Não precisa de picar os alhos, pois ao moê-los juntamente com o sal, eles vão-se desfazendo)
Aqueça o forno a 200º.
Agora prepare-se para um pouco de ginástica. Espalhe a massa por todas as tiras de forma a ficarem bem untadas. E já agora, não use um pincel. Use as suas mãos. Sinta a textura dos ingredientes junto da sua pele. E garanto-lhe uma hidratação quase perfeita das suas mãos devido ao azeite.
Agarre no tabuleiro do forno e forre-o com papel de alumínio para que não suje muito. Não deixe folgas no alumínio para que não rebente durante o processo. Coloque só um pouco de azeite no fundo do tabuleiro para que a carne não agarre. Disponha a carne de forma a não ficar nenhum pedaço sobre outro. Leve ao forno durante uma hora e meia a duas horas. Depende se gosta da carne a sair do osso ou mais agarrada. Pessoalmenteprefiro a sair do osso. Não se esqueça ao fim de cada 30 minutos de virar a carne para que todas as tiras fiquem bem assadas.
Ao fim de uma hora no forno agarre na jeropiga e regue todas as tiras. Há-de ficar com bastante líquido no fundo do tabuleiro que se irá transformar em melaço no final do tempo.
Enquanto isto vamos começar a preparar o arroz… Nunca o comece a preparar ao mesmo tempo da carne. A não ser que precise de argamassa para as paredes. A meia hora do final do assado dê andamento ao arroz de feijão.
Ingredientes para o arroz de feijão
Duas chávenas de arroz
Quatro chávenas de água
1 Lata pequena de feijão manteiga
1 Embalagem de bacon aos cubos (pequena)
1 Colher de sopa de molho inglês q.b.
1 Caldo Knorr de galinha
Pimenta q.b.
Coentros picados (só para enfeitar)


No tacho onde vai fazer o arroz, deite o azeite e deixe aquecer e junte o bacon e o caldo Knorr. Quando mudar da sua cor natural para uma cor mais dourada, deite o molho inglês, junte o arroz e mexa até que fique translucido. De seguida, junte a água devagar, uma caneca de cada vez, para que não salpique e não se queime. Baixe o lume para mínimo e deixe cozinhar devagar. Tente que a água não desapareça por completo. Se for preciso ao longo da cozedura junto um pouco, mas é mesmo um pouco de água.
Assim que o arroz estiver pronto, coloque os coentros por cima e sirva-o juntamente com o piano.
E agora coma, lamba os dedos mas acima de tudo delicie-se!


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E foi assim que começou...

21:48 | Publish by Unknown

Chovia lá fora.
Não parava.
Ela acordou estremunhada e com vontade de voltar a adormecer. "Não posso…" disse. "Tenho de o ir levar à escola". Se não fosse isso seria mais um dia em que não saberia o que fazer.
Ainda nem um mês tinha passado e já começava a sentir-se inútil. Tinha sido desde há muito um desejo: ficar em casa sem fazer nada. Mas não era a mesma coisa. Tinha sempre o trabalho de retaguarda. Agora não tinha nada. Por assim dizer tinha, levava o filho todos os dias à escola, bebia café com algumas das outras mães e com antigos colegas de trabalho. Mas tirando isso não havia mais nada.
Quando tudo aconteceu sentiu -se cheia de entusiasmo. Já esperava aquele dia havia algum tempo, mas no fundo nunca pensou que chegasse. O entusiasmo foi esmorecendo e dando lugar, em alguns dos dias ao total desespero.
Gostava de cozinhar. Era o seu maior feito ultimamente. Inventar receitas todos os dias e passá-las a alguns dos seus amigos que também gostavam de comida. Sempre quisera fazer um curso de culinária, mas nunca tinha tido coragem. "Pode ser que seja agora" pensou.
Acabada de fazer 40 anos e com tantos planos para esta data tão promissora tudo se tinha desvanecido com a chegada dos mesmos. Fazer uma tatuagem, deixar de fumar e fazer uma festa de arromba. Até àquele dia não tinha feito nada. Começava a pensar que tinha perdido a coragem de viver. A coragem para ser diferente. Para se sentir realizada.
Finalmente levantou-se. Vestiu-se e saiu para levar o filho à escola…

Este é o sentimento que muitos de nós temos depois de sofrermos uma “derrota”. Embora não tendo sido provocada por nós, mas como está na ordem do dia, devido à crise, o sentimento está muito à flor da pele. Reprimi-lo como dizia há pouco, por vezes torna-se difícil. Não conseguimos dar a volta à situação. Amigos, colegas e família dizem: “deita para trás das costas”, “já passou”, “muda a página”. É sempre tão mais fácil falar. Achamos sempre que não percebem…, não estão a passar pelo mesmo…, como podem perceber tal sentimento... Mesmo quando falamos com alguém que passou pelo mesmo, o nosso sentimento é sempre diferente, não nos conseguimos sentir como iguais. Temos de arranjar algo que nos conforte, que nos dê alegria, que nos faça sentir orgulhosos.

Eu encontrei! No local menos provável, tendo em conta a minha história profissional e mesmo na minha vida pessoal: na COZINHA. Sempre se disse, às vezes em tom jocoso, outras até muito a sério, que o lugar da mulher é na cozinha. O meu aparentemente tem sido.

Quando fui “obrigada” a cozinhar todos os dias não foi nada fácil. Cozinhava para um regimento de sapadores de bombeiros. Os restos duravam praticamente para uma semana. A comida não tinha paixão, era sensaborona… era tudo aquilo que a comida não deve ser.

Ouvia a minha mãe a questionar-me diariamente, “o que vais fazer para o jantar”, “não sei” respondia, “logo penso nisso”. E era o que acontecia. Pensava, inventava, mas não era aquilo que me agradava mais. Não conseguia comer o que fazia. Mais uma vez não havia paixão nem dedicação.

Com o passar dos anos, apaixonei-me perdidamente pela comida. Pelas cores, pelos cheiros, pelas texturas, mas acima de tudo, pelos novos sabores que fui introduzindo nos tachos e nas panelas.

Desde que comecei a cozinhar, para além do meu marido, que tem uma opinião pouco isenta, pois segundo ele “tudo o que fazes é bom”, tive sempre um bom barómetro: o meu irmão. Adora comer e comida mais do que eu. Baba por uma boa refeição. Nunca consigo fazer nada que não tenha da parte dele, uma crítica. Positiva ou negativa, mas sempre uma crítica construtiva. A primeira vez que fiz uma refeição, onde a baba lhe escorria pelos cantos da boca foi o meu famoso Piano com jeropiga e arroz de feijão manteiga. Nunca o tinha visto assim. Nesse dia não houve restos. “Mana, estás a melhorar”. Fiquei orgulhosa pela primeira vez! Tinha de continuar.

E foi assim que começou. Os programas de culinária têm sido uma constante aqui em casa. Não que a família goste muito, pois para eles são uma seca. Mas para mim relaxam-me, descontraem-me, deixam-me feliz. Há sempre um sorriso que aprece nos meus lábios, há sempre uma gargalhada. Lembram-se daquela cara que os chefs fazem quando acabam as suas receitas e dizem que está soberbo, maravilhoso, sempre achei que a comida não estava grande coisa e que a cara que faziam tinha de ser boa para transmitir uma sensação agradável. Mas não! Eles têm razão. Quando se coloca amor, paixão e gosto tudo sai com aquele sorriso e com aquela vontade de experimentar, provar e comer até fartar.

“Abre um restaurante” diziam-me. Não, não é isso que eu quero. Quero experimentar e descobrir. Quero dar ao mundo tristonho de hoje um sorriso com uma experiência nova, um cheiro novo, uma textura diferente. Quero ajudar a quem não sabe ou não gosta de cozinhar uma vida nova povoada de experimentações, de novidades.

A nossa vida atribulada com a escola dos miúdos, o nosso trabalho e nossa família, precisa de conforto e esse, eu consegui-o através da comida. Cozinhar é fácil, é divertido e relaxante. A sério, não estou a brincar. Sabem aquele cheirinho que vocês sentiam quando chegavam de algum lado e a vossa mãe estava a fazer o jantar? É esse conforto. Depois de um dia de trabalho, com chuva, gente chata, chegar a casa e poder confortar alguém, é o melhor sentimento do mundo. Num jantar ou almoço com amigos ver os seus olhos felizes e deliciados é o melhor sentimento que podemos almejar.

E se começássemos ao que nos trouxe aqui hoje. O que é que vos apetece? Entrada, prato principal e sobremesa? Porque não vamos ver ao onde é que isto nos leva hoje…

Não se assustem.

Vai ser fácil. Qualquer dia começam vocês a inventar, a ter ideias para os vossos almoços de família e jantares de amigos. É para isso que cá estou: para vos ajudar a entrar no meu mundo. Boa sorte! Get ready… Let’s start…

Entrada

Portobello com ricotta e vegetais

6 Cogumelos Portobello grandes
1 Pacote de Ricota
2 Pimentos laranjas pequenos (tipo biológicos)
6 Tomates Cherry
3 Folhas de manjericão
3 Folhas de salva
Sal e pimenta

Lavar e retirar os pés dos cogumelos, caso os tenham. Reservar.
Picar os pimentos de forma miudinha e reservar.
Cortar em quatro os tomates Cherry e reservar.
Numa tigela colocar o queijo ricota e misturar o pimento e o tomate.
De seguida, picar as folhas de salva e manjericão e juntar ao preparado anterior.
Coloque sal e pimenta a gosto.
Num tabuleiro coloque no fundo azeite, não precisa de muito e coloque os cogumelos. Rechear os cogumelos tentando que todos os ingredientes incluídos na pasta elaborada fiquem nos mesmos.
No final, colocar azeite ou a margarina liquida em fio por cima dos Portobello e levar ao forno previamente aquecido a 180⁰ durante 45 minutos.

Sugestão:
Sirva com vinho branco gelado, gosto fresco dos cogumelos e da ricota degustar-se-á melhor com este tipo de vinho.

Para começar vão ver que não é difícil!

Não é uma receita de verão nem uma de inverno. É uma receita que pode ser feita em qualquer altura do ano. Quando a fiz foi no natal! Como podem ver tudo se faz em qualquer altura do ano. Porque é que vos digo isto? Porque tenho duas amigas que deram a sugestão de fazer receitas de verão e de inverno, qual é a entrada que fica melhor com este prato e com aquela sobremesa. Tudo depende do vosso estado de espírito.

Imaginem um dia de inverno mas com um sol radioso! Conseguem vê-lo, saboreá-lo? Agora imaginem servir esta entrada acompanhada com o tal vinho branco gelado…! É bom não é? Estão a começar a entrar no espirito.
Vamos ao prato principal… não se preocupem não dói e não mete medo.

Prato Principal
Spaghetti primavera com bacon e fiambre
1 Pacote de esparguete
1 Alho francês
2 Pimentos bebés (1 vermelho e 1 amarelo)
4 Cenouras bebés
1 Alho
1 Embalagem de cogumelos frescos
1 Embalagem de bacon aos cubos
1 Embalagem de fiambre para pizza (ou seja cortado às ripas finas)
10 ml de whisky
Azeite q.b.
Sal e pimenta q.b.

Concentre-se, encha o peito de ar, deite fora e vamos começar...

Coloque ao lume um tacho com água abundante e sal para cozer o esparguete.
Entretanto, corte os vegetais, isto é, lamine os cogumelos, pique bastante fino os pimentos, corte às rodelas finas o alho francês, corte igualmente às rodelas as cenouras e pique o alho.
Numa frigideira bem quente, coloque um pouco de azeite e deixe alourar o alho. De seguida, junte os pimentos, o alho francês e as cenouras e deixe estrugir, isto é, alourar, mas era só para não repetir a mesma palavra.

Quando estiver tudo com uma cor alourada junte os cogumelos tempere com sal e pimenta e deixe que a água dos mesmos evapore. Para isso não se esqueça de aumentar a temperatura do lume. Quando a água evaporar, deite o whisky e deixe que este perca o álcool sem deixar que o molho do mesmo desapareça.

Ao ficar pronto, retire do lume e deixe repousar.

Numa outra frigideira, coloque um pouco de azeite, mas deve ser pouco mesmo pois o bacon já tem gordura suficiente, deixe alourar o bacon e o fiambre e retire do lume. Deixe repousar.

Está quase a acabar, não desespere. Volte a encher o peito de ar, expire e vamos lá outra vez...

No tacho onde tem a água, agora já a ferver, para o esparguete. Deite o mesmo e deixe cozinhar, entre 7 a 8 minutos, para o chamado al dente. Quando acabar retire a água, coloque os vegetais e a "carne" (se lhe quiser chamar assim, senão diga o bacon e o fiambre) misture muito bem e regue com um pouco de azeite se fizer falta.

Sugestão:
O vinho hoje pode ser o que mais lhe apetecer o branco fica bem, o tinto, segundo alguns fica melhor, inclusive uma sangria de champanhe com frutos silvestres, fica bem com toda a certeza.

Acima de tudo delicie-se!

O que vos pareceu? Difícil? Nem por isso, pois não? Agora só precisa mesmo da sobremesa. Neste campo tenho de vos confessar que nem sempre acerto no ponto. Nos vastos programas de culinária a que assisto sempre os ouvi dizer que as receitas das sobremesas devem ser seguidas à regra. Pois, pois… isso tem muito que se lhe diga. Bom mas esta que vos deixo é simples e acima de tudo deliciosa. É inspirada numa receita das revistas da Bimby, mas para quem não tem esta máquina (um dia falo-vos dela e da ajuda que nos dá), não se preocupe não é para usá-la. Lembrem-se é uma inspiração.

Sobremesa

Crocantes com framboesas

1 embalagem de cereais Kellogg's
6 iogurtes naturais açucarados (de preferência os iogurtes gregos naturais açucarados)
2 embalagens de framboesas
12 folhas de hortelã para enfeitar

Agora vamos começar… Podem fazê-la numa taça grande ou para ficar mais glamorosa façam-na em taças de vidro individuais.
Numa tigela coloque os seis iogurtes e misture. Reserve.
No fundo de cada taça coloque o punhado de cereais. De seguida coloque duas colheres de sopa de iogurtes nas taças e verifique se precisa de mais colheres ou se é o suficiente. No final coloque por cima três framboesas e duas folhas de hortelã.

O que acham? Não é difícil, pois não?

A sério experimentem e acima e tudo delicem-se...

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